Dois arrombamentos em um dia e um prejuízo de quase R$ 10 mil. Essa é a realidade do Colégio Estadual Areal que vem enfrentando essa onda de criminalidade. As imagens gravadas pelas câmeras de monitoramento mostram a ousadia dos bandidos que arrancaram cinco grades, danificaram os marcos das portas para acessar o prédio entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira. O local possui sistema de monitoramento eletrônico, que apresentou falhas. As quase cem tentativas de ligação para o 190 da Brigada Militar (BM) no primeiro furto, também frustraram a direção, que está preocupada com a segurança da comunidade escolar e pede providências.

"É triste. A sensação é de total impotência ao chegar aqui e ver esse patrimônio, que todos se envolvem diariamente e cuidam, invadido." disse a diretora Márcia Peglow. A primeira investida, às 21h24min, conforme o registro da câmera, os criminosos cortaram os fios de telefone e da Internet, deixando o local totalmente sem comunicação. O acesso no interior da escola, segundo a diretora, foi pela muro da rua lateral. "Eles quebraram o cadeado do portão de ferro para ter acesso à área interna do pátio", contou Márcia diante da peça danificada sobre a mesa da direção. Pelo caminho - até a porta do saguão - os criminosos arrombaram uma sala que é tipo almoxarifado, onde um notebook estava entre uma pasta de arquivo e acabou sendo preservado. Logo depois, a investida foi na entrada do educandário, quando a grade dos fundos foi totalmente arrancada e a porta e madeira danificadas. Do local, foram levados três ventiladores.

Na primeira invasão - sem nenhum alarme ter sido acionado - a diretora e outros integrantes da direção foram até o colégio. "Tivemos que chamar uma pessoa para fazer um serviço provisório na porta, pois foi quase uma hora tentando ligar para o 190 da Brigada Militar e do outro lado da linha eu ouvia: número ocupado, ligue mais tarde ou número programado para não receber chamadas. É bom ressaltar que o lançamento do Retorno Seguro às Aulas da BM foi aqui na escola", lembrou. A preocupação em chamar um órgão de segurança oficial foi como se Márcia tivesse uma visão de algo a mais iria acontecer. A espécie de premonição se confirmou. Às 3h26min, uma nova invasão dos criminosos. Desta vez na sala dos professores e na de Recursos, de onde foram levados mais dois ventiladores e uma televisão 32 polegadas específica para o atendimento aos alunos especiais. "A ligação da empresa que faz a segurança eletrônica foi às 6h, quando já não tinha mais nada a fazer", disparou Márcia. Em meio a tantos fatos tristes, ela comemora a preservação do refeitório. "Ainda bem que não levaram a merenda dos alunos."

Providências
Segundo a 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), este não foi o único caso em 2023. O órgão já teve conhecimento de furtos na Escola Félix da Cunha e na Escola João 23. "Os prejuízos dependem dos itens furtados em cada lugar, mas, diminuem a possibilidade de investimentos para melhorar a infraestrutura e trazem gastos para reposição do que já havia sido adquirido", disse a coordenadora Alice Maria Szezepanski. Sobre a falha da empresa em acionar o alarme, o caso será apurado, para saber quais medidas serão adotadas. "Chamo atenção que as escolas têm contratos de vigilância eletrônica e que essas empresas, por cláusula contratual, também têm que ser acionadas e, conforme for, responsabilizadas".

Sobre o 190
Alice diz que a 5ª CRE está sempre em contato com a Brigada Militar, no entanto, apesar de compreender as inúmeras demandas da corporação, nem sempre é possível o atendimento imediato. A reportagem tentou contato com o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, mas até o fechamento desta edição, não teve resposta sobre a situação do acesso ao 190.